Que o Brasil é o berço da Bossa Nova e do Chorinho todo mundo sabe. Poucos sabem, no entanto, da importância de compositores brasileiros na música erudita num panorama além do nacional. Como é o caso de Heitor Villa-Lobos. O carioca, maestro e compositor foi o responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira na chamada “música clássica”. Não é à toa, portanto, que é considerado o maior expoente da música do modernismo no Brasil, uma vez que incorporou elementos das canções folclóricas, populares e indígenas em suas obras eruditas.
Nascido em 5 de março de 1887, no Rio de Janeiro, o compositor seguiu inicialmente os passos europeus da virada do século XIX para o século XX, sendo influenciado principalmente por Wagner, Puccini, pelo alto romantismo francês da escola de Franke, bem como os impressionistas. Por volta da a primeira década de 1900, porém começou a repudiar os moldes europeus e, descobrir uma linguagem própria, que viria a se firmar nos bailados Floresta do Amazonas e Uirapuru (1917), vindo a se consolidar na década de 20. Atacado pela crítica especializada da época viajou para a Europa em 1923, onde pode ter contato com toda a vanguarda musical da época. Voltou ao Brasil a tempo de se engajar nas novas realidades produzidas pela Revolução de 1930.
Após a audácia criativa dos anos 20, entrou em um novo período, quando compôs um dos carros-chefe de sua obra, a série de nove Bachianas brasileiras (1930-1945), para diversas formações instrumentais.
Uma das marcas registradas de Villa Lobos é a mistura: ele foi capaz de combinar, como ninguém, diferentes estilos e gêneros, introduzindo materiais musicais tipicamente brasileiros, inclusive com uso de percussão popular e imitação do canto de pássaros. Para Villa-Lobos, sua música era o “reflexo da sinceridade (...), a arte que vem do coração para um coração”.
O maestro não defendeu nem se enquadrou em nenhum movimento, e continuou por muito tempo desconhecido do público no Brasil e atacado por críticos. A maior fama e reconhecimento vieram depois de sua morte.